A Cidade Em Festa Recebe Raul, O Sempre Bem-vindo Córdula

dezembro 18, 2023


2023 não poderia acabar, nem 2024 começar, de melhor maneira: a exposição RAUL CÓRDULA Raros Múltiplos - Arte Sobre Papel. A primeira exposição individual do artista em sua cidade natal comemorando os seus 80 anos de vida está no Museu de Arte Popular da Paraíba (Salve Niemayer!), museu que o regionalismo reducionista chama de “3 pandeiros”, mas prefiro ver como 3 OVIS (Objetos Voadores Identificados) pousados em suas plataformas prontos para decolar rumo ao espaço infinito, um potente átomo de arte-luz, próton, elétron e nêutron, irradiando a eterna força da criatividade humana para os quatro pontos siderais da galáxia. Aliás, aproveito a deixa para sugerir aos responsáveis pelo museu que cada nave seja designada com o nome de 3 grandes artistas plásticos nascidos em Campina Grande: Antonio Dias, Raul Córdula e Chico Pereira (sem polêmica por favor, prefiro polenta), essa justa homenagem será o reconhecimento de gratidão da cidade a quem tanto fez, e faz, por ela em termos de projeção regional/nacional/internacional.

É nesse cenário mais que futurista, esse stargate das artes, que a obra de Raul Córdula está exposta, uma obra iniciada no século 20 que adentra no século 21 e habita no écran do futuro século 22. Não sou, nem pretendo ser crítico de artes plásticas, falo como espectador procurando exprimir minhas impressões sobre esse notável acontecimento que é a exposição individual de Raul Córdula, um acontecimento que tira a cidade do seu letargo cultural (as exceções confirmam a regra) neste fim/início de ano igualando-a em qualidade aos mais importantes centros de arte e cultura mundo afora (abro parênteses para o eterno Nelson Rodrigues: “Por ‘complexo de vira-latas’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores...”; me excluo voluntariamente desse conceito).

Vi uma reportagem na TV onde Raul, com a sabedoria que lhe regala os seus 80 anos de vida, interagia com jovens adolescentes da escola pública “Raul Córdula” (homenagem ao pai dele professor do qual herdou não só o nome) que visitavam a exposição. O entusiasmo e o brilho dos olhos denotavam cristalinamente a pulsante juventude do artista interagindo com a juventude biológica dos estudantes, a vitalidade, a resiliência, a resistência, a contemporaneidade, a trajetória de vida desse admirável artista é a prova irrefutável que alma não tem idade.

A exposição, aberta neste dia 7 de dezembro, permanece em cartaz até o próximo 6 de fevereiro de 2024, é uma oportunidade de conhecer o trabalho desse importante ícone da cena nacional das artes plásticas, um programa imperdível especialmente nesse dezembro de festas, passeios, confraternizações, reencontros. Inclua na sua agenda uma visita a essa exposição que é um verdadeiro presente para a cidade e seu povo, além de proporcionar uma experiência única de prazer estético você vai sair dela mais rico culturalmente falando.

A arte de Raul Córdula tem aquela singularidade plural que é a marca dos artistas que conseguem abordar desde temas telúricos, como a peleja real do avô com uma onça, até a cosmopolita Borborema que dialoga diretamente com o rico patrimônio da arquitetura art-decó, signo da modernidade urbana, existente em todo o Centro de Campina Grande (um patrimônio riquíssimo que clama por uma urgente restauração).

Na exposição se pode ver também em grandes painéis os dados biográficos de Córdula, inclusive a origem deste sobrenome, as exposições que fez ao longo do tempo, os cargos que ocupou em instituições ligadas a arte, os prêmios que ganhou e muito mais.

Paro por aqui renovando o convite para você dar uma passada no Museu de Arte Popular da Paraíba, na margem do Açude Velho, e descobrir por você mesmo o encanto dessa histórica exposição.

Em paralelo à exposição de Raul Córdula está em cartaz também a exposição Desenho da Terra, da jovem artista Rebeca Sousa, mas isso é assunto para outra postagem.

2 comentários

  1. Campina GRANDE ocupando seu calendário com arte nos museus. Que seja assim: um frutífero 2024 do Séc. XXI para nosso município e seus ocupantes!!!

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  2. "Singularidade plural” é olhar além dos limites sensoriais. Uma notação simples e ao mesmo tempo tão profunda, tão filosófica, tão psicanalítica (não me furto e também vou de polenta, rsrsr ). Um convite assim precisa ser compartilhado (contém algo de original, SINGULARPLURAL, susceptível de desdobramento. Fiquei ansiosa para olhar o contemporâneo bem de pertinho, certeza que é uma chance de melhor perceber acerca da arte na contemporaneidade. “Raros, Múltiplos – Arte sobre papel” e “Desenho da Terra”. “ [não]Objetos Voadores Identificados estão entre nós, como tão bem destacado no texto. Simbora!!

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