Até os anos 1980 era comum os críticos de cinema postarem/publicarem no fim do ano uma lista com os dez melhores filmes do ano. Como todo cânone desse tipo existem injustiças, falhas, esquecimentos... mas o que vale aqui é a tradição. A ordem numeral não quer dizer que o número um é melhor que o número dois e assim sucessivamente, é apenas uma forma de organizar os títulos.

Sem mais delongas, como dizia o saudoso crítico Humberto de Campos no programa “Falando de Cinema” na extinta Rádio Borborema, vamos aos melhores filmes lançados em 2019, segundo nossa avaliação:

1. “Bacurau” de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho

O cinema brasileiro voltou a ocupar a cena principal do debate cultural através desse filme polêmico, muito bem realizado e, de quebra, arrebatou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019, além de levar multidões para os cinemas.

2. "Adeus” de Lulu Wang

A nova geração de cineastas e atores chineses, em harmonia com os atores veteranos, num drama contemporâneo que aborda arquétipos da humanidade como finitude da vida, diáspora, convivência familiar, solidão. 

3. “Era uma vez... em Hollywood” de Quentin Tarantino

O cineasta antropófago, que “deglute” filmes e os devolve na forma de novos filmes, volta ao ano de 1969 para tentar compreender a chacina que tirou a vida da atriz Sharon Tate, aos 26 anos. O resultado é uma vendeta cinematográfica contra os assassinos de Sharon, um acerto de contas da ficção com a realidade.

4. “Cafarnaum” de Nadine Labaki

Esse filme libanês é um daqueles filmes que permanecem na memória do espectador muito além dos 126 minutos de sua duração. Um drama forte, vivido por crianças precocemente adultas e adultos infantilizados nas ruas de Beirute neste século 21. O refugiado sírio Zain Al Rafeea, de 14 anos, ilumina a tela em sua primeira (e até agora única) experiência no cinema. 

5. “O Irlandês” de Martin Scorsese

Épico com 3 horas e 29 minutos de duração. Um filme impecável que nos mostra que o crime organizado nos EUA (e, óbvio, no resto do mundo) está infiltrado e influi muito na política de esquerda, direita ou centro. Ao sentar na sala para ver este já clássico, é conveniente deixar as ilusões ideológicas brincando no parquinho com as crianças.

6. “Gilda Brasileiro - Contra o Esquecimento” de Roberto Manhães Reis, Viola Scheuerer

Documentário que revela uma página oculta da história do Brasil escravocrata, um reencontro com nosso passado provando que não somos tão cordiais assim. Obrigatório para quem vive dizendo que ama o Brasil (será que ama mesmo?).

7. “O Traidor” de Marco Bellocchio

Outro épico, dessa vez italiano, sobre o crime organizado, no caso a máfia ou “cosa mostra”. Baseado no caso real do mafioso Tommaso Buscetta, que inclusive morou no Brasil. Bellocchio, como sempre, impecável na direção.

8. “Kesari” de Anurag Singh

Épico indiano sobre um fato real acontecido em 1897: um exército de apenas 21 sikhs lutou contra 10.000 afegãos no episódio que ficou conhecido como a Batalha de Saragarhi. Um filme comovente que nos ajuda a conhecer um pouco mais sobre a história da humanidade assentada nesse planeta.

9. “Uma Mulher em Guerra” de Benedikt Erlingsson

A Islândia vista de perto sem nenhum exotismo, nada de vulcões e montes nevados, mas uma mulher que luta com todas as suas armas (incluindo um arco e flechas) para impedir a destruição do meio ambiente a pretexto de “desenvolvimento”.

10. “Love Sonia” de Tabrez Noorani

Filme contemporâneo indiano que mergulha fundo numa tragédia social que os governos fingem que não existe: o tráfico internacional de escravas sexuais. Causa repulsa saber que em pleno século 21 essa barbárie inominável conta, inclusive, com o apoio de certas autoridades constituídas.

Como podem ver, muitos filmes ficaram de fora, não que não merecessem estar na lista, mas porque o número fixado e tradicional é dez.

E você, já fez a sua lista com os 10 melhores filmes que viu esse ano?