É Tempo de Farrear!

outubro 20, 2025


De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra farra significa festa alegre e barulhenta; folia; gandaia. E o dicionário dá um exemplo: a farra da juventude animou a madrugada.

Farra é o nome da mais nova revista de arte e artistas da cidade, foi lançada neste mês de outubro de 2025. A edição foi possível graças aos recursos da Lei Aldir Blanc de fomento a cultura nacional, isso reforça a importância visceral do apoio institucional a nossa arte e cultura, ao contrário do que dizem alguns recalcados ignorantes, fanáticos cultores das trevas medievais, as leis de incentivo não têm nada de mamata ou corrupção, muito pelo contrário é uma forma de promover justiça num dos campos mais penalizados da nossa estrutura econômica-social que é justamente o campo da arte e da cultura.

Nunca é demais lembrar que as leis de incentivo apenas dão o suporte financeiro para a concretização dos projetos, projetos que antes foram sonhados, idealizados, estruturados, planificados e posteriormente postos em prática por pessoas de carne e osso, alma e espírito.

À frente desse projeto editorial mais que bem-vindo que nos chega agora, estão Camila Simões (diretora executiva e redatora-chefe), Micaella Nogueira (coeditora e diretora de fotografia), Marcelle Torres (designer-chefe) e Jordana Araújo (designer de moda, confecção e modelo).

É interessante verificar essa relação da palavra farra com a juventude como aponta Houaiss, a revista traduz em suas coloridas páginas esse sopro novo típico da juventude - não necessariamente biológica - esse espirito jovem, essa forma renovada de olhar para as coisas, as pessoas e a cidade, elementos já postos no nosso cotidiano, que fazem parte do cenário urbano-antropológico, mas que ressurgem espantosamente como novidade por causa desse novo olhar. Enquanto a multidão, atada as suas algemas eletrônicas, olha de soslaio para essa riqueza escancarada sob a luz do sol (olha, mas não vê) a revista Farra rasga o véu que oculta esse exótico-óbvio nos revelando essa beleza oculta, esse tesouro não enterrado, todavia invisível em plena superfície.

A beleza das coisas existe no espirito de quem as contempla, a observação do filósofo escocês David Hume (1711-1726) se encaixa nesse olhar novedoso contido nas palavras e imagens da revista Farra.

A lojinha dos discos sublinhada na fantástica crônica e desenho de Mona Desenhando (Monalisa Gomes) na página 32, é uma amostra cristalina disso que estou afirmando.

Farra nos convida a cair na gandaia do alegre fazer artístico contemporâneo de uma cidade que sempre se notabilizou pela criatividade, ousadia, resistência e cosmopolitismo de seus artistas e suas múltiplas artes.

A revista não é uma grande vitrine hedonista para exibição da produção artística-cultural local, Farra se posiciona politicamente e não esconde de qual lado está, como podemos atestar no inconformado grito de Iury Santos, ilustrado com fotografias de Adrielle Amorim, sob o título Temos que fazer barulho: o silencio que querem nas ruas da cidade, na página 6.

Os tipos populares, uma marca da antropogênese campinense, que sempre transitaram na transversalidade urbana marcando cada geração no seu tempo, também são rememorados neste primeiro número da Farra, neste caso é o rei da lomba Jorge Marral que é reverenciado em memória na página 22.

A faceta jornalística da revista está bem representada nos perfis-entrevistas dos professores Wellington de Medeiros, página 17, e João Batista Guedes, na página 26.

Eu tive a honra de participar desta irrequieta revista em seu número pioneiro através de um texto sobre a retomada do cineclubismo em Campina Grande, página 28. Texto que ganhou uma diagramação arrojada, belíssima – trabalho de Marcelle Torres – valorizando-o como nunca.

Isso exposto é só um teaser da revista Farra que tem muito mais conteúdo editorial esperando por você, termino lhe convidando a ler Farra e se deliciar com suas cores vibrantes, seu desenho original, suas imagens emblemáticas, seus textos reflexivos.

Farreia, farreia povo, farreia até o sol raiar, canta a sabedoria popular.

Então, vamos farrear!

3 comentários

  1. Que texto maravilhoso e bom de ler. As ações que fomentam a divulgação da nossa arte e cultura devem ser enaltecidas e louvadas, sempre.
    Acompanhei o processo de concepção da revista e vibro agora com essa realização tão bem sucedida. Que venha mais *Farra* por aí!

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  2. Revista cheia de textos e imagens boas, com gente melhor ainda!
    Não poderia haver nome melhor: a alegria da farra é a prova dos nove!

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