Trabalho na área da cultura há mais de 50 anos, comecei aos 14, juntamente com meu irmão Rômulo Azevedo, Bráulio Tavares, Marcos Agra, José Umbelino, Luís Custódio e outros no Cineclube de Campina Grande.

Trabalhar com cultura no Brasil não é fácil, trabalhar com cultura no Nordeste é difícil, trabalhar com cultura na Paraíba beira a odisseia, trabalhar com cultura em Campina Grande é tarefa para titãs (a gestão do prefeito Evaldo Cruz, 1973-1977, é a exceção que confirma a regra).

Neste século 21, já no seu décimo-segundo ano (ao contrário do que muitos pensam o novo século começou em 2001, seu primeiro ano), trabalhar com cultura ainda é uma pedreira gigantesca.

Orçamento com problemas? Corta na cultura. Quadro de funcionários inflado? Pendura na cultura. É assim que funciona desde sempre, até que me provem o contrário.

A área da cultura tem outro óbice estrutural no que refere aos servidores-colaboradores: uns têm qualificação, mas não têm disposição, outros têm disposição mas falta a imprescindível qualificação.

Walter Tavares é mais que qualificado e disposto como poucos para o trabalho incansável nesta área tão maltratada e ao mesmo tempo visceral para o desenvolvimento humano (embora ocupe cargo bem inferior ao que pede sua formação, ele, na humildade que o caracteriza, aceita com resiliência essa discrepância laboral).

Cultura é aquela madeira que o cupim não rói, é o ouro que nunca enferruja e o patrimônio que o ladrão jamais alcançará.

Acompanho o trabalho de Walter Tavares há décadas, tive a sorte de testemunhar no palco do teatro municipal suas performances como ator de raro nível técnico-emocional, testemunhei também suas criações inesquecíveis em ricas fantasias (no sentido de pesquisa histórica) e na La Ursa da Tarde acompanhando o Bloco da Saudade, essa fabulosa ideia de outra gigante da nossa cultura Eneida Agra.

Walter também atuou com muita competência didática-pedagógica-histórica na direção do Museu Histórico de Campina Grande, gestão do prefeito Felix Araújo Filho.

É Walter Tavares o arauto que clama no deserto pela valorização, restauração, preservação e difusão do nosso patrimônio Art Déco, o segundo das américas! Acorda Campina!

Walter também trabalha voluntariamente e sem remuneração alguma como jornalista memorialista da cidade publicando importantes textos, ricos em informações e referências históricas, no seu perfil no Facebook.

Se não bastasse tudo isso, Walter Tavares também se dedica de corpo e alma aos animais que sofrem abandonados, a mercê da crueldade dos “diz que” humanos, pelas ruas, becos e vielas de Campina. Em sua própria casa mantém um abrigo para mais de uma centena de cães e gatos que são tratados com todo amor e carinho que merecem, só essa cruzada franciscana já justificaria toda e qualquer homenagem para esse verdadeiro guerreiro que com o seu nobre exemplo nos redime como habitantes em transito neste planeta mostrando na prática como deve ser uma convivência pacifica e justa entre todos os seres vivos.

A presença de Walter Tavares nos quadros funcionais da prefeitura municipal honra mais a instituição que ele próprio que não precisa provar mais nada de uma vida totalmente dedicada à defesa da cultura e da causa animal, e dou meu testemunho onde preciso for.

Que bom saber que diante desse permanente quadro de incertezas na área cultural brasileira, sempre dependente da boa vontade e principalmente do nível intelectual-educacional dos governantes, podemos contar com um servidor-colaborador público de irrepreensível conduta profissional trabalhando na prefeitura de Campina Grande incansavelmente pela evolução cultural da cidade.

Não é segredo que Walter enfrenta hoje problemas de saúde que requerem uma atenção inadiável para evitar um agravamento; estimo melhoras para ele e espero sinceramente como cidadão que a prefeitura retribua toda dedicação e esmero de Walter na linha de frente da nossa cultura apoiando-o irrestritamente nesse momento que nunca é fácil.

Encerro afirmando que para mim é um privilégio poder ocupar o mesmo espaço geográfico e viver no mesmo tempo em que pulsa o coração transbordante de amor de Walter Tavares.