No comecinho dos anos 1960, entre 63 e 64, apareceu aqui em Campina Grande uma atração popular de grande impacto na época: “A Mulher e as Cobras”. Numa tenda armada na Floriano Peixoto (onde hoje está aquele antigo prédio da extinta Telpa) uma bela faquiresa se exibia dentro de uma urna de vidro cercada por cobras. Era ao mesmo tempo um desafio físico pois ficava em jejum durante a estadia na cidade, e psicológico por causa das jiboias que lhe faziam companhia. Infelizmente não ficou nenhum registro dessa atração, a não ser na memória de quem viu.

Pois bem, Alberto de Oliveira e Alberto Camarero, ambos paulistas, fizeram uma excelente pesquisa inédita sobre esse fascinante tema e o resultado foi o livro “Cravo na Carne – fama e fome, o faquirismo feminino no Brasil”. Eles reuniram onze perfis dessas mulheres-faquir num trabalho que merece nossa atenção e aplausos. Fartamente ilustrado com fotos e notícias publicadas na imprensa da época, o livro tem 296 páginas que revelam pela primeira vez esse lado das atrações populares de rua que permanecia oculto, fadado ao esquecimento.

Publicado em 2015 pela Editora Veneta de São Paulo, “Cravo na Carne – fama e fome, o faquirismo feminino no Brasil” é leitura obrigatória para quem tem interesse na História Social do Brasil, Relações de Gênero, Arte, Performance, Corpo e, claro, Faquirismo.

A atriz e diretora Helena Ignez está escrevendo um roteiro sobre as faquiresas brasileiras.