Celly e Tony Campello - Os Brotos Legais
setembro 26, 2019
É incrível, mas só
agora, em 2017, é que foi feito um (bom)
documentário de longa-metragem, dirigido por
Dimas Oliveira Junior, contando a trajetória de dois artistas essenciais
para a música mainstream brasileira,
os irmãos Tony e Celly Campelo. Antes tarde que nunca.
Falo música mainstream no sentido da música
divulgada de forma industrial, através do disco, do rádio, da TV e da internet.
Tony e Celly foram
percursores da música para jovens na segunda metade dos anos 1950 até o ano de
1962, quando Celly surpreendeu a todos abandonando a carreira de sucesso para
casar, ter filhos e ser apenas uma dona de casa.
O documentário é
importante porque revela pela primeira vez os bastidores da meteórica carreira
dos irmãos Campello e sua inserção definitiva na história da nossa música
popular.
As primeiras gravações
na Odeon em São Paulo, as versões dos rocks juvenis importados feitas pelo
amigo compositor Fred Jorge, o programa pioneiro de rock na Tv brasileira, a
divulgação dos discos no rádio, os shows, a inusitada postura de Celly que
mesmo sendo uma cantora de sucesso em todo o Brasil continuou estudando no
mesmo colégio em Taubaté e levando uma vida normal, sem estrelismos nem
chiliques próprios das celebridades. Ela sabia distinguir muito bem a artista
da cidadã.
O filme tem
entrevistas esclarecedoras com Renato Teixeira, conterrâneo e admirador dos
irmãos; Agnaldo Rayol, amigo da família; o próprio Tony dá um depoimento muito
lúcido sobre sua participação nisso tudo; Wanderléia fala das influências da
cantora Celly sobre a geração dela (que mais tarde viria lançar a Jovem
Guarda); tem ainda uma entrevista com Celly feita em 1999 (ela morreria de
câncer em 2003).
O material de arquivo (fotos, filmes, vídeos)
é rico e diversificado, mas especial mesmo é a voz de Celly , com aquele timbre
único, aquela afinação rara, aquele jeito alegre e jovem de cantar.
Como é bom poder ouvir
Celly Campello.
Quando estava exilado
em Londres no começo dos anos 1970, Gilberto Gil disse num rock que compôs em
meio ao permanente frio inverno da cidade:
“Lá em Londres vez em
quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando
me sentia, dava por mim
Puxando o cabelo,
nervoso querendo ouvir Celly Campello, pra não cair naquela fossa...”
O filme foi lançado
nos cinemas em agosto e pode ser visto também na programação do Canal Brasil.
Recomendo.
2 comentários
Uma boa iniciativa. Seu texto é leve e promete. Não sou "carrapato" de Internet, mas sempre que puder estarei visitando o Blog, antecipando votos de sucesso.
ResponderExcluirMuito bem, todos os olhares são bem vindos. Obrigado.
Excluir